segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Um outro adeus

Disseram-me que o poeta é um fingidor...
Eu não sou poeta, sou a própria faceta!
Faço rimas com a minha dor
e, longe de mim, deixo-as numa gaveta.

P'ra talvez um dia as dedicar a alguém;
um ser que ainda não encontrei… Nem encontrarei.
E só por ter certeza que ele de mim se abstém
é que eu por ele, loucamente, já me apaixonei.

E até então isso tem me servido como pretexto
pra continuar no ócio destas palavras decompor;
e nesses versos miseráveis talvez morrer em contexto,
na intentona de fazer da minha desgraça algum esplendor.

Pela fome das minhas rimas tristes e pobres eu vou falecer
e ser esquecida como uma estrofe só e perdida...
Ou velada lindamente como um narcisista soneto suicida...
Só sei que já não me importa ser, portanto vou escrever.

Mas agora é tarde e a própria inspiração me some.
E já que faço versos como quem morre,
vou indo… E dou um adeus nessa poesia em meu nome;
Para que, em palavras, todo o meu sangue jorre!

Pois dessa morte, ao menos, ninguém me socorre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário