segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Dois corpos

Não fomos dois corpos. Fomos, eu e tu, a sinestesia
da junção de fluidos e sentimentos nebulosos,
pelas palavras que em versos eu comporia
se tivesses ficado… Se fôssemos conosco mais zelosos.

Tua essência já te materializava, de verdade!
Sabes, nós fomos dois corpos quase concretos;
individuais e coletivos em nosso círculo de necessidade.
Vazios e inertes, mas quando juntos tão completos...

Íamos além daquela humanidade que nos cansava;
eu era nós e tu eras o meu todo mais intrínseco e aparente...
Éramos o paradoxo mais patético para a multidão que nos rodeava
e, ainda assim, nossa união nos era um universo independente.

Ah, se a felicidade não for um mito, tu foste a minha;
perdoe-me pelas vezes que tentei expulsar-te de mim,
e por aqueles que coloquei em teu lugar naquela ladainha
De que só me fazias mal, pois bem sabes que não foi assim.

Quando me deixaste a cólera invadiu-me em seguida,
ainda hoje falta em mim a tua presença diária;
e toda essa utopia só faz sentido com o teu nome que a consolida,
é tu, solidão, de quem escrevo, às lágrimas, como ordinária!

25-01-2013

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